A Inesquecível Busca da Aurora Boreal em Fairbanks

Se você ama a natureza selvagem, adora o filme Into the Wild e sonha em ver a aurora boreal, este deveria ser seu próximo destino.

Quando sugerimos que alguém viaje para o Alasca, a primeira reação das pessoas é de espanto, por ser um destino incomum mas, sabiam que é um lugar com estrutura para o turismo, muita natureza e facilidade de locomoção?

Há quem cobre mais de 300 dólares por noite e por pessoa, para um passeio de caça a aurora boreal.  Realmente não é tão simples encontra-la ou fotografa-la, mas, se esse é o seu sonho e se você tem o DNA de viajante, vamos tentar ajuda-lo, para que possa ter sucesso nessa missão tão incrível e única, sem gastar tanto dinheiro.

Como chegar

Nosso voo saiu de SP, com parada em Atlanta e Seattle, seguindo para Fairbanks, onde alugamos um carro e nos hospedamos. No celular já havíamos baixado um GPS excelente, chamado Sygic,  o que facilitou e muito nossa vida.

Estrutura

Fairbanks é uma cidade pequena, não espere badalação e sim uma vida simples e cheia de surpresas da natureza. Tudo se resolve no Walmart, no centrinho da cidade. Lá compramos nossas refeições, equipamentos, medicamentos e também sacamos dinheiro.

Dicas sobre Aurora Boreal

O turismo em Fairbanks não é grande mas, o que leva a maioria das pessoas até lá é a possibilidade de ver a aurora boreal. Então, vamos às dicas sobre ela: Primeiramente, vá ao Alasca na época certa! A temporada começa em setembro e segue até abril. Obviamente, não temos controle de quando a aurora vai acontecer, mas a universidade do Alasca tem um bom site com o forecast da Aurora. A atividade pode variar de 0 a 9, sendo o número maior aquele com maior probabilidade de visualização .

Como esse era o maior objetivo da nossa viagem, optamos por nos hospedar em Fairbanks, mas é  possível observar esse fenômeno do Canadá, Noruega, Finlândia, Rússia e Islândia, pelo fato de algumas cidades desses países estarem muito próximas ao Polo Norte.

A aurora austral, no Polo sul, também existe, mas não há muitas opções de base para observação.
Nossa sugestão, para quem não está disposto a encarar um frio intenso (- 20°C a -50°C) é que venham em setembro, para o Alaska ou Noruega, países com um pouco mais de estrutura e não tão frios nessa época, que ainda é verão. Além da aurora, nessa época o parque Denali ainda está aberto, e vale muito passar pelo menos dois dias lá.

Durante o dia, há luz até às nove da noite, e há muito o que se conhecer. Parques, rios, museus, universidades e até a casa do Papai Noel, no Polo Norte.

Optamos por ficar uma semana, para aumentarmos a probabilidade de sucesso de nossa missão Aurora e a vimos por 3 vezes.

A cidade está  no meio do nada, e fica ainda mais óbvio quando a avistamos do avião. Optamos por uma hospedagem convencional, com água corrente e o conforto mínimo de quem precisa descansar depois de uma madrugada caçando. Mas há quem prefira se isolar em cabanas, no meio da vida selvagem e muitas vezes,  sem água corrente.

No Walmart que compramos nossas refeições, pois nosso quarto no hotel Best Western tinha geladeira e microondas. Vale muito alugar um carro, para  procurar a aurora por aí e conhecer todos os pontos da cidade. Baixem o mapa da cidade, no celular ou aluguem um carro com GPS, pois é  extremamente necessário.

Descobrimos sozinhos que há um Ponto de observação incrível, chamado Clear Summit acessível por carro em 20 minutos,  na estrada para Hot Springs, no Chena River. O melhor horário é entre   meia-noite e 3hs.

Assim que chegarem ao lugar que é super escuro, desliguem as lanternas do carro. A aurora precisa ser observada na escuridão total. Use roupas quentes, especiais para isso, pois a sensação térmica é  terrível. Pegamos somente 0°C  nada de frio tão intenso, mas o Vento nos castigou bastante, mesmo com toucas, luvas, botas gore tex e roupas termo. Leve também água, snacks, alguma bebida quente.

Posicione sua câmera em um tripé e ajuste as configurações de sua máquina (se não souber quais são, continue lendo que nós chegaremos lá). Agora. É esperar e torcer para que ela apareça!

Curiosidades sobre a Aurora Boreal

A aurora polar é um fenômeno magnético, que não é exclusivo do planeta Terra! Júpiter, Saturno, Marte e Vênus também são testemunhas desse show magnífico e frenético de luzes, que é ocasionado por partículas magnéticas, geradas nas explosões solares, que colidem com a atmosfera terrestre.

Quando o fenômeno ocorre no hemisfério sul, chama-se aurora austral e, quando ocorre no norte, aurora boreal. As bases de observação se concentram no hemisfério norte, por razões óbvias, já que não há base para observação na Antártida.

Os principais pontos de observação no hemisfério norte são: Alaska (EUA), Tromso( Noruega), Abisko (Suécia), Luosto (Finlândia) e Reykjavik (Islândia). É possível também observar de algumas cidades do Canadá e da Rússia. É importantíssimo dizer que a melhor época para visualização da aurora é entre os meses de Setembro e Abril (as noites são mais longas e geralmente há maior atividade solar).

Vocês sabiam que essas partículas interferem inclusive na transmissão de sinais de aparelhos eletrônicos como rádios, telefones e satélites?

Os cientistas observam a atividade do sol, para preverem a aurora polar. Os ventos solares levam três dias para chegarem na terra, com suas partículas magnéticas e, ao se chocarem na atmosfera, o show de luzes começa.

A universidade do Alaska dispõe de equipamentos ultra modernos, para acompanhar e prever a aurora boreal. O melhor forecast, que nada mais é do que a previsão da Aurora, é sem dúvida deles, e pode ser facilmente acessado pelo site: http://www.gi.alaska.edu/AuroraForecast

Vocês sabiam que a aurora pode ser verde, roxa ou vermelha, dependendo da atmosfera? Quanto mais oxigênio, mais verde. Quanto mais nitrogênio, mais roxo. Quanto menor altitude, mais vermelho!!

Parâmetros para fotografar a Aurora

Você precisará de, no mínimo, uma máquina fotográfica semiprofissional, como a nossa Sony Alfa Nex-C3, e um tripé, para iniciar a aventura e tirar fotos incríveis. Os principais parâmetros a serem ajustados, para fotografar a aurora, variam bastante, mas, apenas para dar uma idéia inicial, seguem algumas informações:

• Tipo de arquivo RAW
• Ajuste do ISO: precisa ser alto, mas deve ser ajustado apenas no momento da foto, de acordo com o local.
• Modo Abertura : máxima abertura
• Temperatura de cor: 3700 K
• Um tripé é fundamental, assim como a opção de temporizador.

Fizemos diversos testes com ajustes diversos, para aprendermos e garantirmos a melhor foto. Depois de baixar o arquivo, no seu computador, precisará dos programas Photoshop e câmera Raw.

Roteiro

Dia 1 – Chegamos esgotados em Fairbanks, mas isso não nos impediu de sair em busca da Aurora. Fomos de carro até o Clear Summit Point e adivinhem? Sim, ela estava lá.. Por muito tempo presenciamos a aurora boreal, em seu show de luzes dançantes. Não há como descrever. É emocionante, surreal, inesquecível e viciante!

Dia 2 – Fomos até o Polo Norte, visitamos a casinha do Papai Noel e seguimos para o Creamer’s Field e Wonder Lake . Creamer’s field é um lugar lindo, para caminhar e observar as aves migratórias.

Há uma Floresta Boreal bem bonita e o Wonder Lake, que parece uma pintura. Andamos 6 km por todo esse circuito plano e sem grandes dificuldades. Vale a visita! Ah e isso tudo é gratuito!

Dia 3 – Pegamos o carro e fomos até Angel Rock, no caminho da Chena Hot Springs, para fazermos trekking. Pagamos apenas 5 dólares de fee, o local tem estacionamento, mas não há acesso à água ou comida – leve seus lanchinhos. O trekking é leve, e a vista é encantadora. Subimos até a pedra mais alta e a vista é maravilhosa.

Dia 4 – Na Universidade do Alaska, visitamos todos os andares do Instituto De Geofísica, e depois fomos ao museu, para assistirmos um filme de 30 minutos sobre a aurora boreal, que é super bacana e custa 5 dólares. Vale muito a pena! Como bons nerds aprendemos muito e interagimos bastante com as pessoas da universidade.

À noite contratamos um caçador profissional de aurora boreal, chamado Ronn Murray, pois tínhamos muita curiosidade de saber como era o trabalho dos hunters e a experiência foi bem bacana. A diferença é que com o Ronn Murray, nosso guia, fomos em uma van confortável, que nos buscou e nos deixou no hotel, e na qual ele possuía um grande monitor para nos dar uma aula sobre a aurora e como fotografa-la, enquanto nos deslocávamos. Como ele possuía Internet, podíamos ver ao vivo os locais aonde a aurora estava acontecendo mais fortemente, e nos deslocar para lá.

Como ele mora na região, conhece todos os pontos e aumenta muito a chance de vermos a aurora,  além dele nos dar uma aula sobre como fotografia. Acho sim que vale a pena fazer isso pelo menos um vez, mas prepare o bolso e reserve com muita antecedência.